terça-feira, 7 de abril de 2009

Jovens da periferia em busca de Inclusão Social

Em entrevista coletiva feita na Universidade Sant’Anna, integrante e professora da ONG Papel Jornal Roseli Lotturco, conta que a ONG existe ha 10 anos no bairro da periferia do Jardim Ângela. Jovens do bairro, interessados em aprender sobre as técnicas necessárias para que eles mesmos passassem a contar suas próprias histórias sobre enfrentar a exclusão social na periferia onde moram. A forma pretendida era a de fazer um jornal. Assim surgiu a ONG Papel Jornal uma associação de incentivo às comunicações, organização não governamental brasileira sem fins lucrativos e o Projeto Oficina Experimental de Jornalismo, a partir da união de esforços de profissionais de comunicação e educadores, um grupo de jornalistas profissionais desde 1999. Para participar a idade mínima são 15 anos, a ONG funciona de segunda à quarta – feira, das 14h às 18h, das horas por aula.
A realidade dos moradores do bairro é de muita carência. Escrever e colocar a literatura em primeiro lugar é um dos principais focos que a professora Roseli tem e ensina para os seus alunos. No início das aulas, foi proposta uma primeira edição, a professora perguntou para seus alunos da ONG sobre o que eles queriam escrever e eles escolheram Cultura e Arte, à partir daí cada um se apoiou na sua própria cultura ou arte para começar a fazer o primeiro trabalho. Grafite, poesia, teatro, pichação e reggae foram temas usados, cada assunto foi mapeado e pessoas do ramo foram entrevistadas para assim fazer boas pautas no padrão correto.
Após meses de aulas os alunos tiraram férias e voltaram no mês de abril de 2009, a principal reclamação de todos foi que mexeram nos textos que foram feitos, muitos não gostaram desta atitude, mais ela explicou que os jornalistas passam sempre por muitas edições e isso faz parte. "Cada aluno tem o seu estilo e futuramente irão produzir seus textos sozinhos" diz: Roseli Lotturco.
A missão é contribuir para o processo de democratização e complementar o processo educacional de jovens da periferia, levando aos moradores condições para que possam exercer seus direitos civis, sociais e políticos. A associação também pretende incluir esses jovens na sociedade sem que precisem sair da região onde moram.
O principal objetivo era capacitar jovens do Jardim Ângela a construir um jornal que buscasse compreender a periferia de São Paulo a partir do ponto de vista dos moradores dessa realidade. Vale ressaltar que o foco era criar um veículo capaz de mostrar a realidade da periferia com a visão dos próprios moradores periferia, ajudando no desenvolvimento da auto-estima do jovem pobre, seu raciocínio crítico e a capacidade de organização de idéias.
Sendo assim desenvolveram as oficinas de texto, reportagem, fotografia, design gráfico e cidadania, nas quais os alunos, orientados por profissionais especializados, adquirem formação teórica e prática para elaborar produtos de comunicação.
O Projeto iniciou-se com uma primeira turma de 20 jovens de diferentes níveis de formação escolar. Desde então, os 105 alunos que passaram pelas oficinas elaboraram autonomamente da pauta até o projeto gráfico, passando pela reportagem, redação e fotografia:· 8 edições do jornal “Becos e Vielas Z/S - A voz da periferia” (com tiragens médias de 5 mil exemplares cada uma);
Todo esse trabalho não teria sido possível sem a parceria de entidades, órgãos públicos e empresas socialmente responsáveis, que auxiliaram teoricamente o desenvolvimento do projeto. São elas: Instituto Ayrton Senna, Ministério da Justiça – Programa Paz nas Escolas, Cese – Cordenadoria Ecumênica de Serviço, Petrobras, ONG Moradia e Cidadania, de funcionários da Caixa Econômica Federal, Máquina da Notícia, Unicef - Fundo das Nações Unidas para a Infância, apoio institucional.
Comunicação é o grande plano do projeto, além de textos eles também tem aulas de fotografia e diagramação. Entre os colegas há respeito e coleguismo e este ano batizaram de Desabafo o projeto, a explicação dada foi que eles se organizaram para fazerem juntos e colocar em prática idéias, textos e pensamentos.
Roseli Lotturco conta que é preciso respeitar o jeito de cada um dos alunos da ONG, não destruir sonhos e observar seus limites pessoais. Ela acredita que sem dúvida nenhuma participar de uma ONG, é a melhor saída para melhorar uma periferia, pois não a nada melhor do que os próprios moradores melhorarem o lugar onde vivem. A partir de que as pessoas se juntam formando um grupo para mudar algo é interessante. "A União faz a força" completa Roseli.
Quando a ONG foi formada, decidiram trabalhar com temas cotidianos, acontecimentos do bairro, temas críticos, por enquanto por questão de verba, tempo, estrutura, equipamentos e patrocínio a ONG papel jornal só terá no bairro do Jardim Ângela mais os planos futuros é que tenha em outros bairros também. Familiares e moradores do local no primeiro momento vêem com espanto e dó da atitude dos colaboradores da ONG, mais depois com o trabalho mostrado as pessoas acabam sendo conquistadas. A ONG é aberta para pessoas de outros lugares.
A oficina começou a ser divulgada através de cartazes e panfletos e hoje o projeto é bem maior e a Jornalista Roseli Lotturco pretende escrever um livro futuramente contando as histórias da ONG Papel Jornal.

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