quarta-feira, 1 de abril de 2009

“O comércio que sobrevive da fome dos alunos da Unisant’Anna”.

Aos redores do Centro Universitário Sant'Anna localizado na zona norte de São Paulo há aproximadamente 58 estabelecimentos comerciais que têm como público alvo os alunos e funcionários da faculdade. Entretanto, o comercio ambulante é o mais procurado pelos alunos, muitos informam que preferem se alimentar na rua devido a variedade e ao preço.
Segundo o pipoqueiro, Sr. Pedro (conhecido como Pedro da pipoca) , 51 anos, divorciado, pai de cinco filhos, sua única fonte de renda é o carrinho de pipoca que há 14 anos está estacionado todas as noites em frente a entrada do bloco I da Unisant'Anna. esmo tendo estudado apenas até o quarto ano do ensino fundamental, sempre conseguiu levar o sustento para o seu lar. Pedro diz que o melhor dia para se vender pipoca é na segunda-feira na hora do intervalo e que o sabor mais procurado pelos estudantes é a pipoca salgada.
Assim como Pedro, na entrada do bloco I, o ambulante Rafael, casado, 36 anos, há seis anos estaciona sua Van bem próxima do carrinho do pipoqueiro. Este vendedor de mini-pizza, fatura aproximadamente R$150,00 por dia, trabalhando todas as noites (18h -23h) de segunda a sexta-feira em frente a faculdade, porém é no final de semana que o seu lucro é maior, pois trabalha em eventos como: shows, micaretas e baladas.
Há alguns passos de Rafael, pode-se encontrar o estudante Renan de 11 anos, que vende trufas para ajudar sua mãe. Ao ser questionado, o garoto não quis dar muitas informações, disse que não sabe de nada, não sabe qual o faturamento semanal, porém a venda de trufas também é a única fonte de renda de sua família.
Entre as entradas do bloco I e C trabalha há nove anos o vendedor de churrasco Waldomiro, mineiro, 61 anos, casado, estudou apenas até o quarto ano do ensino fundamental e sustenta sua família vendendo churrasco e refrigerante de segunda a sexta, das 16h30 às 23h. Este senhor diz que praticamente todos os dias vende o mesmo tanto e que o espeto misto é sempre o mais procurado pelos estudantes, porém em época de verão vende mais refrigerante (coca-cola).
Em frente ao bloco C encontra-se um vendedor de milho que veio da Bahia com os irmãos para tentar uma vida melhor em São Paulo. Gilson Silva, 26 anos, é solteiro e estudou até a quinta série. Ele vive do milho, passa o dia vendendo milho cozido no Brás e após as 17h30 para o seu carrinho em frente a Unisant’Anna e ali permanece até o horário de saída dos estudantes. Esta é a única maneira que ele achou para ganhar dinheiro e ajudar sua família, porém informa que com o milho tem mais lucro do que qualquer trabalho que já teve na Bahia.
No entanto, o trailer dos salgados do José Nascimento (conhecido como tio bolovo) é o mais disputado na hora do intervalo, os salgados custam R$1.00, com a ajuda de sua mulher Kátia e de seu filho Cleber vendem variados tipos de salgados e sucos naturais em garrafas de 500ml, com a famosa frase “quem não pediu pida” pida” o trailer se tornou o favorito de grande parte dos alunos. Os estudantes do 4º semestre de Publicidade e Propaganda, são clientes fiéis do senhor José. Conforme o estudante Luiz Rodrigo, 21 anos, é vantajoso comer os salgados do “tio bolovo”, pois com R$3.00 consegue comer dois salgados e um suco, assim como seus amigos Willian e Jhon que diariamente gastam por volta de R$3.00 no trailer do senhor José. Já o estudante Alexandre,20 anos, informa que se alimenta com estes salgados por não ter condição de comer todos os dias na cantina da faculdade, mas que se tivesse uma renda maior comeria na lanchonete da faculdade. A estudante do 7º semestre de radio e TV Camila, 23 anos, come todos os dias na cantina da faculdade, pois acha mais higiênico e acha que gasta o mesmo valor que os que comem na rua.Sendo assim, os alunos possuem várias opções de se alimentar, com variadas opções de preço e deste modo se tornam praticamente a totalidade de clientes dos comerciantes acima citados, pois cada um vende uma coisa, mas todos informaram que se a universidade não existisse, eles não teriam lucro algum e não conseguiriam viver somente desta renda.

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